“As coisas não são boas e nem ruins. O pensamento é que as torna assim!” William Shakespeare
As emoções são vivências constituídas por fenômenos físicos e psíquicos. Os físicos são as sensações corporais, como palpitações, calor facial, tremores, pernas bambas, aperto no peito, na garganta, etc. Já os fenômenos psíquicos seriam os pensamentos automáticos que surgem em nossa mente. Há também as sensações psíquicas que são agradáveis ou desagradáveis, uma forma de vivência mais sutil. O medo, por exemplo, gera uma sensação desagradável.
Emoções vêm e vão como ondas. Estas geralmente são mais fortes e de curta duração, tem um momento de maior intensidade e depois diminui. Diferente dos sentimentos que são estados mais duradouros como amor, gratidão, felicidade, ciúmes, ódio, entre outros.
Nossas quatro emoções básicas são medo, tristeza, raiva e alegria. Existem outras mais elaboradas, sofisticadas, que nos exigem um pouco mais na capacidade de abstração como angústia, desilusão, etc. Conforme vamos crescendo e nos desenvolvendo, a nossa capacidade de senti-las e expressá-las também fica mais apurada. Dentre as emoções negativas, a raiva é considerada uma das mais lesivas para o nosso aparelho psíquico.
As emoções e pensamentos automáticos derivam das crenças, algo mais profundo em nosso sistema psíquico. É o conjunto de crenças que irá determinar o conteúdo emotivo e os pensamentos que irão emergir na consciência nos diferentes contextos.
Em situações de ansiedade, medo, raiva, ocorre um prejuízo no processamento das informações. A consciência fica estreita. Uma pessoa neste estado pode captar os elementos do mundo externo de forma tendenciosa e construir uma “realidade” mal adaptativa, que trará sofrimento. Entre os terapeutas cognitivos, este processo é chamado de visão em túnel, ou abstração seletiva. É uma forma de erro cognitivo bastante comum. Seria como se a crença tivesse vontade própria e lutasse para ser confirmada.
Uma metáfora muito usada por estes profissionais é a dos óculos verdes. Na prática seria como se a pessoa estivesse usando óculos com as lentes verdes, enxergasse tudo verde e realmente acreditasse que as coisas fossem assim. O terapeuta ajudaria esta pessoa a “retirar estes óculos”.
É importante lembrarmos que a situação, um fato, um acontecimento em si não é o que promove a emoção, mas sim a ativação de nossas crenças. Por exemplo, uma camisa do Cruzeiro ou Atlético não irradia nem alegria e nem raiva. O que leva o sujeito a ter tais emoções seria aquilo que ele aprendeu a valorizar e seu grau de apego a determinadas ideias.
Conforme passamos a enxergar o mundo de outra forma, deixamos de nos irritar com certos acontecimentos ou insultos. As crenças vão mudando. Assim, uma criança de 5 anos que considerava uma grande ofensa ser chamada de “cabeça de melão”, quando cresce pode achar isto hilário, ou não. Às vezes, algumas crenças são cristalizadas e persistentes. Isto é chamado de rigidez cognitiva.
Nas diferentes situações, crenças profundamente guardadas na nossa mente são ativadas e geram emoções que trazem, juntamente, pensamentos automáticos. Estes pensamentos ativam novas crenças ou reforçam a ideia que os originou, gerando novos pensamentos, e isto forma um círculo vicioso. Neste processo, a consciência fica limitada, reduzida. Dependendo da intensidade da emoção ocorrerão diferentes níveis de estreitamento da consciência. Assim, a pessoa efetivamente pode não conseguir avaliar bem o que está acontecendo para tomar as decisões mais apropriadas. Talvez por isto, a expressão: “cego de raiva”, tenha sido tão utilizada na cultura popular.
Quem nunca fez ou falou uma grande bobagem em momentos assim? De forte emoção?
É importante lembrar que isto tudo não vem somente do caráter da pessoa. Trata-se do produto final da somatória entre cultura, genética, experiências de vida e sociedade. Todos nós somos corresponsáveis. Em casos mais graves, o desequilíbrio torna-se químico e fisiológico, ou seja, o adoecimento. Na dúvida de situações assim, a pessoa deve procurar um médico. No entanto, não se justifica também utilizar esta ideia para minimizar nossos comportamentos mal adaptativos. Devemos saber que o que fazemos tem consequências e nos responsabilizar por elas.
Como tudo isso poderia nos ajudar então?
Se não houver crença distorcida, ela não será ativada!
A saída seria enfraquecer as crenças distorcidas, corrigir os erros de processamento cognitivo. Ou seja, a fonte dos pensamentos e comportamentos impróprios, e que infligem sofrimento a nós mesmos ou naqueles que convivem conosco. No entanto, mudar estas crenças é um trabalho difícil. Existem técnicas, formatos científicos e profissionais aptos para fazer isto de uma maneira mais eficaz. Reestruturar o conjunto de crenças e desenvolver flexibilidade cognitiva.
Vale a pena se ater em alguns pontos. Observe o conteúdo de seus pensamentos nas diferentes situações. Observe seus pensamentos como se houvesse uma “voz” dentro da sua cabeça. Existe a “voz”, aquele que pensa e existe aquele que observa!
Não leve seus pensamentos a sério demais. Fique atento!
O que passou pela sua cabeça naquele momento?
Porque você tem que acreditar tanto em sua mente, nestas ideias?
É possível que tal pensamento negativo não seja verdade?
Sugestões para leitura:
- As 10 bobagens mais comuns que pessoas inteligentes cometem e técnicas eficazes para evita-las – Dr Arthur Freeman e Rose DeWolf – Editora Guarda-Chuva.
- A mente vencendo o humor – Dennis Greenberger e Chistine A. Padesky. – Editora Artmed.
Sugestão para treinamento e desenvolvimento ==> Programa Fortemente