Todo bom professor de meditação, na minha opinião, orienta seus alunos para não fazerem revoluções Copérnicas em suas vidas.
Se você deseja praticar meditação, ninguém precisa ficar sabendo, por favor, seja discreto.
Você não precisa virar um vegetariano chato e nem vestir roupas estilo Nova Era.
Não precisa ouvir músicas alternativas e muito menos raspar sua cabeça.
Seja autêntico e continue sendo você mesmo.
Existe uma polêmica discussão se mudar para um Mosteiro seria um caminho mais fácil ou mais difícil. Há interessantes argumentos para defender os dois lados. Mas isto seria um assunto extenso para um outro artigo.
Quando as tradições meditativas surgiram, o mundo tinha características próprias daquela época. Os contextos culturais eram muito diferentes do nosso. Por exemplo, antigamente, na cultura oriental, muitos viam a mendicância como um gesto de desapego, davam comida e abrigo aos monges, que eram vistos por muitos como homens santos.
Em nosso meio, enxergamos a mendicância como a forma de conseguir a próxima pedra de crack. O que de fato é verdade!
Assim que você se engaja numa nova “prática virtuosa”, surgirá lá no fundo de sua mente um senso de singularidade, de ser especial e melhor do que aqueles que não seguiram o mesmo caminho… “Uau, como sou uma pessoa bacana”!
Já ouviu falar de fascismo? Ele surge assim na nossa mente.
E quando isso acontece, sua prática espiritual virou um obstáculo na sua vida, e seu Ego se apossou dela.
Esta é a falácia do ativismo.
Se você pretende praticar Meditação, ou Mindfulness se preferir chamar assim, vou te oferecer algumas dicas que poderão se incorporar no seu atual estilo de vida e você não precisará nem mesmo sentar em posturas de meditação.
Não precisa virar um ser excêntrico viu?
Existe a prática de meditação formal e informal.
A formal é aquela que você tira lá uns 20-40 minutos de seu dia para meditar. Alguns meditam 2 horas ou mais, tudo bem.
A prática informal é feita no improviso frente às tarefas do cotidiano.
Nós amantes e defensores da meditação acreditamos que a prática formal é a mais poderosa. Tem uma força inquestionável, mas reconheço que não é qualquer pessoa que consegue.
Entenda que você pode praticar fazendo quase qualquer coisa. Estes exercícios na vida diária são a prática informal, aquela que você não precisa mudar o andamento natural de seus afazeres.
Alguns professores/mestres espirituais como Eckhart Tolle, por exemplo, são defensores da prática informal e chegam a dizer que você não precisaria meditar formalmente.
Vamos então para as dicas de prática informal:
- Tenha consciência da “voz” dentro da sua cabeça, a mente tagarela, o Eu-pensador. Não julgue e nem brigue com estes pensamentos, por pior que eles possam parecer, aceite-os com naturalidade. Se eles parecerem muito dolorosos, brinque com eles, faça chacotas, mesmo que eles sejam aparentemente trágicos ou catastróficos, isto te ajudará a não levá-los tão à sério – Imite-os com uma voz engraçada, ou remede-os como uma criança implicante!
- Em alguns momentos do dia perceba sua respiração, alinhe a sua postura, relaxe os ombros e sinta seu corpo.
Perceba você por alguns instantes. Faça isto quando estiver à toa ou aguardando algum atendimento. Sinta sua presença física e mental, tome consciência de que você está ali, naquele lugar. Perceba todos os fenômenos externos (sons, barulhos, odores, objetos, cores); os corporais (tato, vento, temperatura, formigamentos, vibração, tremores, dormências, dor, respiração); e os processos mentais (emoções, sentimentos, aflições, sensações, pensamentos).
- Corrija de tempo em tempo sua postura. Sempre que lembrar, levante o corpo e fique ereto conscientemente. Adote uma postura que lhe lembre de dignidade.
- Perceba as coisas e os eventos do mundo a sua volta sem tocar em nada. Simplesmente observe! Deixe as coisas como estão/são. “Não toque em nada”!
Assista a tudo como um telespectador, como algo que observa.
- Abandone de vez em quando a ideia de um Eu que tem uma história, passado, futuro, profissão, títulos, fama, bens, família, amigos, etc. Seja somente esta coisa que contempla, que percebe o mundo à sua volta.
Se preferir pode fechar os olhos, em algumas situações poderá facilitar.
- As crianças muito pequenas não compreendem o que é o futuro, elas não se preocupam com o amanhã.
Imagine que você não soubesse o que é futuro, nem mesmo daqui há 1 minuto, e que ao mesmo tempo estivesse com amnésia e todo seu passado fosse apagado. O que sobra? O que lhe resta?
- É bem provável que sua mente tagarela diga em seguida: “Ok, agora já chega!”, ou então, “Que coisa idiota!”, ou ainda, “Será que vai demorar para eu ser atendido…”.
Tudo bem, é assim mesmo, aquietar a mente exige bastante treino, continue tentando.
Você deve estar aí se perguntando, mas porque isto é uma má notícia?
Porque a partir de agora, você não terá mais a desculpa de que não consegue meditar. E o seu Ego detesta isto, porque ele adora a postura de vítima!
Diga então: “eu não quero meditar”, e aceite isto se este for o seu caso.
Meditação é contemplar, observar, perceber sem julgar e sem fazer comentários. Mas se o comentário surgir, aceite isto também e não esperneie por dentro. É uma percepção pura, com uma aceitação desapegada dos fenômenos oferecidos pelo momento presente.
Para aprofundar neste estilo de prática, recomendo os livros:
Paz a cada passo – Thich Nhat Hanh
O poder do Agora – Eckhart Tolle
Você Gosta de Desenvolvimento Pessoal?
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