Você também tem a sensação de que o tempo passa cada vez mais rápido e que, pior do que isso, 24 horas não parecem mais ser suficientes para todas as demandas diárias?
Além de não ser o único com essa sensação, existem estudos teóricos e práticos que provam que realmente, estamos vivendo um tempo mais acelerado. Em entrevista ao Nexo, o historiador e autor de “Tessituras do Tempo”, Rodrigo Turin pontua que, sim, de fato vivemos um tempo mais acelerado e essa percepção é chamada de aceleração social do tempo, que se refere ao aumento de atividades realizadas em um período de tempo acompanhando as transformações da sociedade. Ele afirma ainda que “a aceleração não é algo pontual na nossa sociedade, mas seu próprio fundamento”.
Com isso, ele quer dizer que não é algo momentâneo ou transitório, nossa sociedade se baseia numa aceleração resultante do desenvolvimento tecnológico e de suas implicações capitalistas. Se por um lado busca-se, cada vez mais, maneiras de otimizar o tempo para que sejamos mais produtivos, por outro, essa produtividade não parece cumprir seu propósito final, que é um maior tempo de descanso, mas sim abrir espaço para que, ironicamente, estejamos cada vez mais OCUPADOS!
Outra questão que fica é: estamos cada vez mais preguiçosos ou ativos?
Se por um lado temos cada vez mais tecnologias à nossa disposição para facilitar nosso acesso a serviços – a maior prova disso são os “ubers” da vida: hoje temos não só a entrega de comidas, mas de qualquer produto ao qual se queira ter acesso, desde uma caneta, até roupas e eletrodomésticos -, por outro, a internet também é um fator de pressão para produtividade constante, bem como estímulo para a necessidade de constante acesso a informações em “tempo real” e atualização das próprias tecnologias – vide o constante lançamento de smartphones.
Como você pode notar no seu dia a dia, o que vivemos é uma relação paradoxal entre tempo e produtividade. Vivemos acelerados, num fluxo constante e informações e transformações, no entanto, ao mesmo tempo em que a internet pode ser um convite à procrastinação, pode também ser visto como um fator de pressão para produtividade.
E as mulheres estão ainda mais suscetíveis a essas “novas imposições”, isso porque, apesar de a aceleração ser uma marca estrutural da nossa sociedade, ainda não apagamos os vestígio do machismo enraizado em nossa cultura, ou seja, ainda que as mulheres assumam, cada dia mais, postos importantes no mercado de trabalho, elas ainda são vistas (muitas vezes) como as principais responsáveis pelos cuidados com os filhos e organização da casa, o que impõe a elas uma sobrecarga de tarefas, amplificada por essa demanda constante por produtividade.
Quais as suas percepções sobre a aceleração do tempo? Compartilhe com a gente!