Esquecimentos cada vez mais frequentes, perder coisas, dificuldade para fazer tarefas… Esses são alguns sintomas que costumam despertar preocupação e não à toa: entre as patologias que provocam perda de memória e de habilidades cognitivas, a doença de Alzheimer é a mais comum, principalmente entre os idosos.
Essa predominância se explica pelo aumento da expectativa de vida. A previsão é de que casos de demência aumentem 278% até 2050, conforme a Alzheimer’s Disease International (ADI), federação que agrega entidades de combate à doença.
Mas o que é o Alzheimer?
Para que você compreenda, as demências consistem numa síndrome cujo efeito é o acometimento do funcionamento cerebral. Elas têm natureza crônica e progressiva, portanto comprometem várias funções cerebrais ao longo do tempo, isso inclui memória, raciocínio, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de aprendizagem, linguagem e julgamento. O Alzheimer é a causa mais comum de demências, correspondendo por 60% a 70% dos casos.
O efeito degenerativo da doença está associado ao acúmulo de proteínas tóxicas no cérebro e à morte de células cerebrais. Mas é importante ressaltar que estudos apontam que há fatores determinantes para esse acúmulo, como a hipertensão e diabetes, que aumentam com as taxas de obesidade e o sedentarismo, bem como a qualidade do sono.
É preciso dar atenção à saúde de forma integral para prevenir e tratar a doença, mas também aos sintomas (que muitas vezes são negligenciados ou confundidos com um simples esquecimento). A doença apresenta 3 fases, fique de olho:
– Fase inicial: ocorre perda de memória e perda da noção de tempo e espaço.
– Fase intermediária: começam as dificuldades para falar e demonstrar o que sente. É preciso ajuda para as atividades do dia-a-dia.
– Fase terminal: o doente é incapaz de reconhecer-se ou de ficar sozinho.
O que a pesquisa descobriu
Mas agora vamos ao que interessa: novas perspectivas!
Tendo em vista toda a complexidade da doença, pesquisadores de diversas partes do mundo vêm buscando formas de reduzir os efeitos do Alzheimer.
Entre eles, alguns estudos já vinham apontando exercícios físicos como benéficos contra a demência e é nesse contexto que se destaca a pesquisa conduzida por cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e publicada na edição de janeiro de 2019 da revista Nature Medicine afirma ter encontrado indícios de que uma proteína liberada durante o exercício físico pode ajudar a prevenir a perda de memória associada à doença.
Irisina. Esse é o nome da proteína. O que tem de tão inovador nela e na pesquisa? O estudo apontou que, quando estimulada ela leva à produção de uma outra proteína, chamada de “fator neurotrófico derivado do cérebro”. Essa, por sua vez, está associada à formação e à sobrevivência de neurônios.
Mais do que isso, nos testes realizados, os pesquisadores perceberam que a Irisina estimula funções relacionadas à memória, bloqueia o acúmulo de proteína beta-amilóide, associada ao Alzheimer, além de prevenir a inibição da síntese de outras proteínas tóxicas ao cérebro.
As descobertas levantam novos debates e hipóteses, como a de que realizar exercícios físicos para estimular a produção da irisina poderia contribuir para combater o Alzheimer. No entanto, como já dissemos antes, a doença afeta principalmente idosos, e eles frequentemente têm sua mobilidade debilitada. A expectativa é que no futuro seja possível administrar doses extras de irisina como um novo tratamento contra a doença.
Fontes:
Exercise-linked FNDC5/irisin rescues synaptic plasticity and memory defects in Alzheimer’s models.
Panorama prospectivo das demências no Brasil: um enfoque demográfico.