As pessoas geralmente têm um respeito enorme pela sabedoria clássica dos gregos e filósofos. Só que elas nunca leram nada escrito pelos gregos e filósofos. O engraçado é que você tem mais chance de viver melhor se visitasse a seção dos clássicos que dos livros de autoajuda.
Já que até hoje engrosso as massas das pessoas que NÃO leram aqueles caras brilhantes que já morreram a muito tempo – Os ESTÓICOS – busquei em uma fonte intermediária algumas lições muito interessante: Ryan Holiday escreveu três livros sobre os estóicos: The obstacle is the way, (O obstáculo é o caminho) Ego is the enemy (Seu inimigo é o ego) e The Daily Stoic (O estóico diário).
O que esses caras que inventaram a festa da toga têm pra ensinar? Bastante. Compartilho algumas coisas que me chamaram muita atenção:
Eventos não te deixam mal. Suas crenças sim.
Você acabou de ser rejeitada por uma pessoa pela qual estava completamente apaixonada. Fica triste? Demais! Parece que o mundo vai acabar.
Suponha que a mesma coisa aconteça e que você descubra depois que a pessoa pela qual você estava apaixonada era um psicopata que matou seus últimos três relacionamentos. Ainda triste de ter sido rejeitada? Não, agora parece uma benção.
Claramente o fato de ter sido rejeitada não é o principal fator da equação. O que mudou? Nada, apenas as suas crenças
Se você perder o seu emprego e acreditar que era um emprego medíocre e que encontrará um muito melhor você estará feliz.
Se você acreditar que era o melhor emprego do mundo e que nunca mais vai encontrar nada parecido fica completamente devastado. As emoções seguem suas crenças. Olha o que Ryan Holiday diz:
“Os estóicos dizem que não existem eventos bons ou ruins, existem apenas percepção. Shakespeare condensou bem ao dizer: “não há nada bom ou mal, mas o pensamento o faz assim”. Shakespeare e os estóicos estão dizendo que o mundo em nossa volta é indiferente, é objetivo. Eles estão dizendo que “Isso aconteceu comigo” não é o mesmo que “Isso aconteceu comigo e é ruim”. Se você parar na primeira parte será muito mais resiliente e muito mais capaz de tirar boas coisas de tudo o que acontece”.
A maioria dos sofrimentos que você experimenta é causado por crenças disfuncionais.
A próxima vez que você se deparar com emoções negativas, não foque no evento que você acredita que as tenha causado. Se pergunte quais crenças que você possui sobre esse evento. Depois se pergunte se essas crenças são racionais:
- “Se meu parceiro(a) me abandonar, nunca vou conseguir superar”;
- “Se eu perder meu emprego, minha vida está acabada”
- “Se eu não acabar de ler esse post o autor vai me odiar para sempre”
Provavelmente apenas a terceira afirmação é verdadeira.
É por conta dessas crenças irracionais que você se sente ansioso, bravo ou depressivo.
Revise suas crenças e você poderá mudar seus sentimentos: “mesmo que meu parceiro(a) me deixe, eu posso conhecer alguma outra pessoa ou ficar bem sozinho. Já aconteceu outras vezes e posso superar isso”.
E quando você se sente infeliz porque se preocupa com o futuro?
Controle o que você pode. Ignore o resto.
Você com certeza já ouviu falar da Prece da Serenidade, ou já a viu estampada em algum lugar por aí:
Deus, me de serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar o que eu posso e sabedoria para entender a diferença.
Um cara chamado Reinhold Nieburh cunhou essa frase em 1934. Mas os estóicos estavam falando disso mais de 2000 anos atrás.
Uma grande parte do estoicismo tem a ver com se perguntar: “posso fazer algo a respeito disso?”
Se você pode, ótimo, faça! Mas se não pode… então apenas ignore, afinal a única coisa que você conseguirá se reocupando é mais estresse. Olha o que Ryan diz:
“O que os estóicos estão dizendo é que muito do que nos preocupa são coisas que não conseguimos controlar. Se eu estou preparando algo para o fim de semana e fico me preocupando que se chover vai estragar tudo nenhuma quantidade de estresse vai te mudar a chance de chover ou não. Se você focar a sua energia exclusivamente no que você consegue mudar será muito mais produtivo, efetivo e feliz”.
Da próxima vez que se pegar preocupando se pergunte:
Eu tenho controle sobre isso? Se tiver controle, pare de se preocupar e vá resolver o problema.
Se você não puder controlar o evento, se preocupar não vai ajudar em nada. E aproveitando pra voltar no primeiro ponto, aproveite pra se questionar sobre as crenças envolvendo o problema… sim, muito provavelmente elas são irracionais.
OK, então tristeza e preocupação são respostas irracionais para reagir aos acontecimentos de nossas vidas… e qual seria uma maneira melhor de quando acontecem coisas que não corresponde às nossas expectativas?
Aceite tudo. Mas não seja passivo.
Essa é parte que todo mundo entende errado. Ninguém gosta da palavra “aceitar”. A gente acha que quer dizer “desistir”. Mas não é disso que estamos falando.
Basta olhar para o lado oposto. Qual o contrário de “aceitar”? “Negar”. E ninguém recomenda que simplesmente neguemos um fato ou realidade.
As pessoas seriam muito mais felizes se excluíssem a palavra “deveria” de suas vidas. Quando você se pega pensando sobre algo que “deveria” acontecer você está negando a realidade:
- “Meus filhos não deveriam se comportar tão mal” (Pois é, mas estão!)
- “O trânsito não deveria ser tão cheio assim” (Hmmm… só que é.)
- “Não deveria estar chovendo” (Fale mais alto. Reclamar pode funcionar da milionésima vez.)
“Negar” é irracional, e crenças irracionais são o berço de emoções negativas. Então o primeiro passo é aceitar a realidade. Isso não tem nada a ver com ser passivo.
Você aceita que está chovendo. É um fato. Negar não vai ter ajudar em nada. Mas isso não quer dizer que você não possa arrumar um guarda-chuva.
Depois de aceitar a ideia é se decidir sobre como vai reagir aos acontecimentos. O que os estóicos dizem é: não gaste energia lutando sobre coisas que você não controla. Aceite elas. Abrace a realidade e depois siga em frente decidindo o que fazer nessa situação.
Até que pra uns ensinamentos de dois mil anos atrás os estóicos estão bem atuais não é mesmo?