Situações impactantes são inevitáveis e todos nós passaremos por elas ao longo da vida. Perder um ente querido, vivenciar a violência, ver os pais se separarem, passar por um desastre natural… não são momentos fáceis nem para os adultos, nem para as crianças. Tenho certeza que você faria o possível para poupá-los desse tipo de estresse. Mas não há como… infelizmente.
A boa notícia é que eles não acontecem todos os dias! Ou pelo menos não deveriam acontecer, não é mesmo?
Quando o estímulo estressor é muito forte, o organismo da criança passa a reagir de maneira semelhante à do estresse positivo (saiba mais clicando aqui), ele eleva os batimentos cardíacos, libera os “hormônios do estresse”, o cérebro interpreta o que está acontecendo e busca uma adaptação à nova situação. Porém não é tão fácil assim se adaptar, já que o estímulo negativo foi muito além do que o organismo infantil consegue lidar. Então ele passa a liberar doses maiores dos “hormônios do estresse”, a aumentar os batimentos cardíacos e a reagir de maneira exagerada diante das situações normais da vida. Se deixamos essa reação se estender durante meses ou anos (como quando a criança vivencia diariamente situações de violência, quando passa por situações de negligência ou abandono) ela passa a ter alterações na arquitetura do cérebro. Isso significa ter uma piora em funções que vão desde aquelas relacionadas à inteligência e desregulação emocional até o desenvolvimento de hipertensão, diabetes, obesidade, depressão e outros transtornos. Ou seja, o estresse deixa de ser tolerável e passa a ser tóxico.
Essa é a hora de um adulto agir para auxiliar a diminuir o impacto do estresse na criança! A ação dos adultos nesse momento é a principal ferramenta de intervenção. É o que faz um estresse deixar de ser tóxico e passar a ser tolerável.
O que fazer então?
1 – Proteger. Não deixe a criança continuar sendo exposta à situação de estresse tóxico diariamente. Para cada situação há uma forma de reagir que pode envolver desde uma mudança na forma de se relacionar com ela em casa, até a retirada da criança do ambiente tóxico (como nos casos de violência).
2 – Estar presente de maneira completa. Estar atento de verdade. Deixar de lado o celular, a TV e o computador e se dispor a brincar, conversar, desenhar. Essa ação faz com que o adulto perceba quais são as emoções que a criança vivencia. E não adianta fazer isso uma vez por mês ou a cada quinze dias. Essa atenção deve ser diária. Se você não consegue fazer sozinho, divida essa responsabilidade com alguém de sua confiança.
3 – Identificar formas de ajudá-la a lidar com suas emoções de maneira positiva. Isso pode envolver acolher, abraçar, conversar, fazer um passeio, dar um presente ou um animal de estimação. Mas também faz parte mostrar à criança que ela deve continuar a respeitando as regras da casa, da escola e da sociedade. Tudo com muito bom-senso.
4 – Restaram dúvidas ou não consegue seguir as dicas acima? Procure ajuda profissional. Todos nós temos necessidade de saber se estamos agindo da maneira certa… não tenha receio de perguntar e buscar tratamento.
Perceba que um ambiente saudável para o desenvolvimento infantil depende de ações que envolvem adultos saudáveis e dispostos a tornar a convivência mais rica e agradável. Então não deixe de cuidar da sua saúde também!