Existe um monte de dicas para pais na internet. O que não vemos com frequência é alguma sugestão apoiada em estudos científicos em como ajudar nossos filhos a serem mais éticos e bem sucedidos.
Com a chegada da minha filha passei a estudar muito mais sobre evidências que possam ajudá-la a se desenvolver melhor. Encontrei de todo o tipo de coisas, das sugestões mais cabulosas e estranhas a estudos bem realizados e que realmente me ajudaram em coisas práticas. Existe um cuidado enorme a ser tomado nessa área: estudos de comportamento muito raramente podem ser generalizados e dependem de um grande número de vários áveis que nem sempre podem ser controladas. Não saia por aí mudando todo o seu jeito de ser pai ou se culpando porque suas atitudes não batem com a que algum estudo perdido por aí demonstrou.
Com isso em mente, encontrei algumas dicas que achei sensatas e que estão apoiadas em alguns estudos interessantes e que foram citadas no livro do Adam Grant: ” Originals: how non-conformists Move the World (Originais: como os não conformistas movem o mundo). Quer ajudar o seu filho a se desenvolver? Aqui vão algumas dicas interessantes:
1- Pergunte as crianças: “o que o Harry Potter faria?”
Como pai, você deve se achar como um modelo dos mais bacanas pro seu filho. Mas apesar de ser um bom modelo moral (espero), geralmente os pais não são os melhores modelos de carreira que seus filhos desejariam mirar. Adam coloca:
Pais são excelentes modelos quando se trata de valores morais. Não o são quando se trata de originalidade, pois é muito fácil acabar imitando um de seus pais.
Então qual os melhores modelos de carreira? Estranho ou não podem viir da ficção.
Ao crescer, muitos dos mais criativos escolhem modelos da sua literatura de ficção favorita. Mark Zuckerberg adorava O jogo do exterminador (ender´s game), no qual um grupo de crianças salva a Terra de um ataque Alien.
Crinças que mudaram o mundo precisam ir além do dia a dia para pensar no que é possíve realizar.
Muitas vezes a ficção é melhor para apimentar a imaginação do que a realidade. Se você quer criar algo que não existe, porque não procurar em uma fonte que está tentando sonhar com algo novo?
Estratégias assim podem até ajudar crianças a comer melhor. Brian Wansink da universidade de Cornell descobriu que perguntar as crianças “O que o Batman comeria” faz com que elas escolham mais maçãs do que batatas fritas.De acordo com Brian:
Nós descobrimos que podemos fazer as crianças terem uma alimentação amis saudável simplesmente perguntando o que o seu super heroi favorito ou princesa favorita iria fazer. Mesmo quando respondiam “batata frita”, geralmente pegavam os pedaços de maçãs.
Algumas pesquisas mostram que pensar sobre herois ficcionais que você gosta pode te ajudar a tomar melhores decisões. De fato, pensar sobre super heróis pode fazer você até fisicamente mais forte. (ok, preciso começar a pensar mais sobre o hulk).
2- Enfatize valores e não regras
Pesquisas mostram que famílias tem em média 6 regras pra cada crianças, mas as 5% mais criativas geralemnte vem de lares em que existem menos de UMA REGRA POR CRIANÇA.
Veja bem, não estamos defendo que as crianças façam o que quiser. Mas concretizar regras duras pode apenas fazer que as crianças busquem por falhas ou formas de “bular o sistema”. Ao enfatizar valores no lugar de regras, você pode fazer com que as crianças internalize valores éticos e façam regras por si só, buscando fazer “a coisa certa”
Crianças não devem ser permitidas fazerem oq ue bem entenderem. Mas, nas famílias de pessoas altamente criativas a ênfaze não está em “não faça isso porque eu disse que não é pra fazer”, e sim em “esses são os princípios que achamos importantes e que nós acreditamos. O que você acha? Vamos discutir sobre isso?” . Isso faz com que as crianças reforcem as regras porque elas ajudam a criá-las.”
3- Elogie o caráter, não as ações
A próxima vez que seu filho fizer alguma bondade, não diga pra eles “o que você fez foi legal”. Diga: “Você é uma pessoa boa”.
Não elogie as ações apenas, elogie o caráter. Isso faz com que seus filhos vejam o bom comportamento como parte de sua identidade e fiquem mais propensos a tomar boas atitudes no futuro.
Existem uma série de evidências que sugerem o elogio ao caráter ao invés do comportamento. (…) . Isso pode ser utilizado da forma negativa também. Ao invés de dizer para a sua criança “não trapaceie”, diga ” não seja um trapaceiro” ou “não seja um enganador”.
Ou seja, ficar chamando seu filho de “peste” ou dizer pra ele que ele “é custoso demais” pode acabar saindo como tiro no próprio pé e reforçar o comportamento.
O que acontece quando ao invés de pedirmos aos nossos filhos “me ajude” pedimos para “serem uma pessoa que ajuda”. Eles tem uma chance 29% maior de ajudarem na limpeza e guardarem seus próprios brinquedos.
4- Explique como as más atitudes afetam os outros
Durante a Segunda Guerra Mundial, um grande número de não-judeus arriscaram suas vidas para salvar judeus. O que essas pessoas tinham em comum? Eles tinham 3x mais chance de ter pais que focavam menos em castigos e mais em explicar como as suas atitudes influencivam outras pessoas.
Essa ênfase nessa explicação também está presente desproporcionamente em lares de crianças que não cometem crimes e que acabam fazendo a diferença na sua área de atuação futura.
Quando explicamos as consequências de nossas ações para os outros, tendemos a fazer com que as crianças sintam duas coisas: empatia e culpa. Empatia faz com que você tente refazer aquilo que foi errado, e culpa no sentido de antecipar as sensações ruins de ter prejudicado alguém. “
talvez pensando um pouco sobre isso teremos umas crianças mais criativas – e mais éticas- por aí. Então faça isso. Ou não. Mas pense: o que o Batman faria?