O Ministério da Saúde traz a definição de que pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de médio ou longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Ressaltando que, em interação com uma ou mais barreiras (sociais, culturais ou ambientais), essa condição pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Longe de determinações teóricas, fato é que, se diante da realidade atual, onde ainda há a manutenção de diversos preconceitos e dificuldade de adaptação tanto sociais quanto espaciais, é difícil o processo e inclusão para quem nasce com deficiência, a perda de qualquer dos sentidos pode ser especialmente difícil para quem não nasceu com tal deficiência.
Levantamos esse assunto, já que hoje (13 de dezembro) comemora-se o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. Tendo em vista o fato de que a visão é considerada uma das grandes promotoras da integração do indivíduo em atividades motoras, perceptivas e mentais, a perda da mesma pode provocar marcantes alterações, diminuindo sua capacidade de adaptação na sociedade.
Apesar de qualquer dificuldade, como qualquer cidadão, as pessoas com deficiência têm o direito à atenção integral à saúde e à inclusão. Por isso, programas de reabilitação são fundamentais na promoção de saúde para que as pessoas cegas ou com baixa visão possam desenvolver-se e ter uma participação efetiva na sociedade e assim recuperar a sua independência.
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Unicamp, que analisa a qualidade de vida de deficientes visuais em reabilitação, constatou-se que essas pessoas relatam uma menor percepção de qualidade de vida nos domínios das relações sociais e de meio ambiente.
Acontece que a boa condição física e psicológica dessas pessoas depende, em certa medida, de apoio de suas redes sociais (amigos, familiares, colegas e até mesmo pessoas com quem tem relação esporádicas) e da melhoria das condições ambientais, que inclui a moradia, transporte, etc. Afinal de contas, são esses fatores que podem garantir a retomada da autoestima através da independência.
Por isso, tire um tempinho hoje para refletir sobre seu dia a dia e como ele está adaptado (ou não) para a inclusão de pessoas com deficiência visual. Pequenos detalhes como a acessibilidade nas vias públicas, uso do braille (sistema de escrita com pontos em relevo para que pessoas com deficiência visual possam ler pelo tato e que lhes permite também escrever) em produtos e até mesmo dentro de seus ambientes pessoais como essas pessoas são acolhidas (se são).
Inclusão é necessária, a qualidade de vida de pessoas ao seu redor pode depender disso. Acolha a diversidade.
Fonte: Bittencourt Z.Z.L.C.; Hoehne E.L. Qualidade De Vida De Deficientes Visuais. Medicina, Ribeirão Preto, 39 (2): 260-264, abr./jun. 2006.