Olha só que boa notícia: o estilo de vida pode nos ajudar! Mas tem as não tão positivas, como essa: em um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano passado, o Brasil lidera um ranking nada satisfatório: somos o país mais deprimido e ansioso do globo.
E os dados não são alarmantes só por aqui, os transtornos depressivos afetam mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo e estão associados ao desemprego, à saúde física precária, ao funcionamento social prejudicado e, em suas formas mais graves, ao suicídio. Diante da preocupação justificável que esse transtorno mental traz devido a amplitude da sua abrangência, estudos têm sido realizados para entender, cada vez melhor, os mecanismos envolvidos no processo neuroquímico que desencadeia a depressão.
Uma das vertentes de investigação atual é a maneira como o estilo de vida influencia na prevenção e tratamento de doenças, inclusive as mentais. Para compilar os resultados de diversas pesquisas e analisar o real impacto da alimentação nesse processo, um grupo de pesquisadores realizou uma metanálise baseada em dezesseis estudos controlados randomizados elegíveis (publicados em inglês) com dados de resultados de 45.826 participantes, a maioria dos quais examinou amostras com depressão não clínica.
A principal análise descobriu que as intervenções dietéticas tiveram um pequeno, porém significativo, efeito positivo sobre os sintomas depressivos. O estudo mostrou também que as intervenções dietéticas que visavam principalmente a perda de peso também reduziram significativamente os sintomas de depressão. Os benefícios psicológicos das dietas para perda de peso observadas nessa metanálise, segundo os pesquisadores, podem estar ligados a reduções na obesidade, porque há evidências robustas de dados epidemiológicos de que o status de sobrepeso está consistentemente associado a um risco elevado de depressão.
E tem mais: os efeitos parecem ser mais expressivos em amostras femininas. Quando elas foram examinadas observaram-se benefícios significativamente maiores de intervenções dietéticas, para sintomas de depressão e ansiedade.
Resumindo, independente do objetivo, se para perder peso ou simplesmente iniciar um estilo de vida mais saudável, o estudo demonstra que intervenções dietéticas são promissoras como mecanismos para reduzir os sintomas de depressão em toda a população.
Ainda assim, é importante deixar claro que, para compreender melhor como a alimentação pode ser utilizada como tratamento, serão necessárias pesquisas futuras que determinem os componentes específicos das intervenções dietéticas que melhoram a saúde mental, exploram mecanismos subjacentes e estabelecem esquemas eficazes para a realização dessas intervenções em contextos clínicos e de saúde pública.
Em todo caso, vale lembrar que sua saúde mental e alimentar são investimentos de longo prazo, não adianta se alimentar bem durante uma ou duas semanas e esperar que essa mudança circunstancial transforme sua vida. Assim como os efeitos físicos de uma boa alimentação não aparecem em um curto prazo, os efeitos não emoções não é diferente: requer tempo e dedicação.