Doenças sexualmente transmissíveis carregam um grande estigma na sociedade até hoje, afinal de contas, a sexualidade continua sendo um tabu. No entanto, esse estigma tem efeito direto sobre a saúde mental de quem convive com o vírus e a doença.
Um novo estudo, realizado em parceria entre a McGill University e The Neuro, traz uma constatação que comprova isso. Segundo eles, o impacto neurológico do HIV vai além da biologia pura. O ambiente psicológico e social em que o paciente vive também desempenha um papel importante na sua qualidade de vida.
Através da pesquisa se estabeleceu uma relação direta entre a quantidade de homens que relatavam sofre com a estigmatização do HIV e suas pontuações em testes cognitivos. Ao medir habilidades como memória e atenção os pesquisadores descobriram que o estigma relacionado ao HIV teve efeitos diretos no desempenho dos testes cognitivos e na ansiedade. Havia também um vínculo direto, porém mais fraco, entre o estigma e a depressão.
Mais do que isso, através da observação desses efeitos sobre a cognição, descobriu-se que o estigma reduz a participação em atividades sociais e prejudica a função na vida cotidiana.
Resumindo, a falta de informação a respeito do vírus e da doença e a carga negativa que todos os assuntos relacionados à sexualidade carregam em nossa sociedade apenas comprometem ainda mais a saúde de quem convive com elas. A exclusão social e o preconceito são reflexos diretos dessa alienação e impedem que o paciente diagnosticado com HIV ou Aids retome sua vida e se sinta pertencente à sociedade, livre de culpa.
Ainda falando sobre a pesquisa, os mecanismos pelos quais o estigma afeta a cognição não são claros, mas podem variar desde o impacto do estresse crônico no cérebro até efeitos psicológicos, como crenças negativas internalizadas.
Com uma importante fonte de informação, este estudo ressalta a necessidade de intervenções que reduzam o estigma social e apoiem a resiliência contra seus efeitos tóxicos sobre a saúde do cérebro. Para isso, nós ajudamos disseminando informação que educa!
SAIBA DIFERENCIAR
Aproveitando a campanha do #DezembroVermelho, que propõe ações para chamar atenção para as medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV, vamos a um esclarecimento importante: AIDS e HIV não são a mesma coisa!
Ser HIV positivo não significa, necessariamente, que a pessoa tenha Aids. Embora sejam usadas como sinônimos, Aids, na sigla traduzida do inglês, significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, enquanto HIV, também traduzido, significa Vírus da Imunodeficiência Humana.
A Aids é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo HIV. E apesar de nem o vírus nem a doença terem cura, existe tratamento: o “coquetel” é composto por medicamentos que controlam a proliferação do vírus no corpo e impedem o desenvolvimento/progressão da AIDS.
FONTE: Austin Lam, Nancy E. Mayo, Susan Scott, Marie-Josée Brouillette, Lesley K. Fellows. HIV-Related Stigma Affects Cognition in Older Men Living with HIV. JAIDS Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, 2018; 1 DOI: 10.1097/QAI.0000000000001898