Imagine que seu inconsciente seja como um gigantesco arquivo. Como muitos daqueles armários metálicos de gavetas que ficam cheias de pastas no interior.
Segundo o Psicanalista Carl Gustav Jung, estas gavetas seriam os Arquétipos do nosso inconsciente coletivo. Na teoria de Jung, os Arquétipos seriam os mesmos para todos nós, ou seja, as gavetas do arquivo são iguais para todos, e o que mudaria seriam os conteúdos existentes dentro de cada gaveta, que ele chamou de Complexos.
Por exemplo, antigamente, nos diferentes povos pela terra, quando aparecia um cometa no céu, a interpretação dada era sempre de um mal presságio. Em todas as culturas, diversas tribos, clãs, a mensagem era de catástrofe iminente, mesmo entre aqueles povos que não se comunicavam (chineses, astecas, etc). O que mudava era o tipo de catástrofe que eles previam: peste, guerra, má colheita, mortes, etc. Neste exemplo, o arquétipo é a previsão do caos e os diferentes tipos de tragédia prevista seriam os complexos.
Para explicar de uma outra forma, vamos pegar a ideia formada sobre o que seria pai. Esta ideia é universal, é arquetípica. Em todos os diferentes povos em qualquer lugar do planeta existe uma noção do que é a paternidade. O conteúdo dentro desta ideia poderá ser diferente. Desta forma, a figura paterna poderá ser representada por diferentes símbolos na mente de cada indivíduo, ou seja, a bagagem dentro desta lacuna psíquica poderá ser diferente. Para algumas pessoas, outros familiares podem assumir o papel de pai, ou então, um amigo mais velho, um mentor, uma entidade religiosa, uma divindade, etc. Isto irá se repetir em todas as pessoas e nos diferentes povos. Neste exemplo, estas diferentes representações simbólicas seriam os Complexos que ocupam o Arquétipo de pai.
Os Arquétipos são estruturas inconscientes coletivas pré-estabelecidas por memórias evolutivas, filogenéticas. Os Complexos seriam depositados nos Arquétipos ao longo de nossa vida. De tempos em tempos, conforme as circunstâncias, estes Complexos saem de suas “gavetas” e vêm à tona.
Nós possuímos vários Complexos, mas em determinados momentos serão eles quem nos possuirão. Por exemplo, um cidadão que numa discussão de trânsito fica enfurecido, perde todo seu discernimento e posteriormente reconhece que saiu totalmente do controle, foi dominado por seu próprio Complexo.
Os objetos não têm o poder de irradiar raiva ou alegria.
Isto mesmo! Uma camisa de time de futebol não emana nem raiva e nem alegria, da mesma forma, as pessoas não têm tal poder. Está tudo dentro de nós mesmos.
Quando encontramos um amigo na rua e ficamos alegres, é porque carregamos conosco uma memória sobre aquela pessoa, lembranças afetivas, crenças e valores. Isto tudo passa da mente inconsciente para o consciente e traz consigo emoções. A pessoa em si não emana alegria, muitos poderão vê-la na rua e nem percebê-la.
Vamos chamar este fenômeno no qual o Complexo sai da toca, de ativação. Sempre que diante de algum evento surge uma emoção, isto significa que fomos ativados. Baseados nesta teoria, podemos concluir que nossos amigos, na verdade, moram dentro de nós. Sim, faz sentido… mas os inimigos também!
Sabendo disto, podemos compreender muito sobre como funciona a nossa mente e comportamentos. Uma questão bastante forte que temos é o vício por um inimigo. Travamos constantemente uma luta mental e física, ou seja, interna e externa, do bem contra o mal, e como somos egoístas de carteirinha, acreditamos estar sempre lutando a favor do bem. Até mesmo o mais tirano dos bandidos acredita que está de alguma forma praticando o bem. Certa vez, um criminoso dos mais insensíveis disse: “Entre si, os prisioneiros são humanos”. Podemos encontrar inúmeros exemplos na história da humanidade de pessoas extremamente pervertidas, mas que na cabeça delas estavam fazendo o bem.
Muita gente sabe direitinho como usar nossos pontos fracos das pessoas para levar vantagem. A estratégia usada para a mobilização das massas é sempre a mesma, “vamos lutar contra o mal”. Baseado nisto tivemos o imensurável sucesso das religiões, do Nazismo, dos movimentos Comunistas, das centenas de guerras e de sobra, rendeu miliares de “presidentes” eleitos. Graças ao nosso Arquétipo do inimigo, o capeta se tornou tão popular.
Temos também aqueles pequenos inimigos do dia-a-dia. Sempre que sentimos raiva, irritabilidade ou ficamos aborrecidos, surgem pequenos inimigos. Naquele exato momento, o inimigo será algo bem específico, muitas vezes coisas da vida, situações, condições do dia-dia, pessoas, nas palavras de Sartre, “o inferno são os outros”.
Será útil sabermos que naquela briga de trânsito, na discussão com o cônjuge, quando reclamamos do frio ou do calor, ou diante das pisadas nos calos que levamos por aí, está sempre atuando a mesma forma de energia – A ativação de Complexos contidos na gaveta dos inimigos.
Mas porque saber disto teria alguma utilidade?
Porque o antídoto será a consciência e o primeiro passo é sabermos que o fenômeno está ocorrendo.
Como regra, temos a capacidade de escolha quanto à resposta que iremos emitir diante das ativações, isto se chama livre arbítrio. Porém, quando estes Complexos são ativados de forma muito intensa, será mesmo difícil percebermos o processo e fazer algo a respeito, comumente nestas ocasiões ficamos à mercê da mente descontrolada.
A boa notícia é que podemos treinar a mente e nos libertar deste condicionamento. Se eventualmente conseguirmos perceber o que está acontecendo conosco, a prática de respiração consciente e outros exercícios de Meditação serão de grande valor.
O melhor para conquistarmos uma boa habilidade de identificação dos episódios de ativação e por consequência ampliar nossa regulação emocional é o treinamento. Para isto, devemos aproveitar as situações mais fáceis, de pequenas ativações, nas quais conseguimos preservar um razoável nível de discernimento e, com elas, treinar nossa consciência. Assim, quando eu observo que algo mexeu comigo, gerou certos impulsos, eu “paro e dou um passo para trás” e digo para mim mesmo: “eu percebo que fui ativado”, ou então, “eu percebo que esta situação despertou raiva em mim”, ou mais, “eu percebo que isto aflorou forte desejo (fissura, craving) em mim”, ciumes, inveja e assim por diante.
Respire devagar, suavemente, com o abdome (diafragmática), demorando mais tempo para exalar o ar do que para inspirá-lo. Então, se você conta 1,2,3 para inspirar, conte 1,2,3,4,5,6 para expirar. O tempo expiratório deverá ser o dobro do tempo inspiratório. Quando ficamos ansiosos, temos a tendência de inspirar demais e hiperinsuflamos os pulmões gerando sensação de abafamento, pois não conseguimos respirar direito. Esta técnica melhora a ventilação pulmonar e reduz a ansiedade. Dois pontos são muito importantes na respiração: desviá-la mentalmente e fisicamente para a região abdominal e promovendo um tempo expiratório mais longo que o inspiratório.
Aceite as coisas como elas são, não lute, não resista, não esperneie por dentro. Geralmente, a raiva dura um pouquinho e depois passa!
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FORTEMENTE