Viajar é muito bom. Um amigo gosta de dizer que viagem é o melhor investimento que se pode fazer na vida por que é investimento na experiência, algo que ninguém toma e dá rendimentos para a vida toda. Gosto de conhecer lugares e povos diferentes. Gosto também daquele processo de planejar a viagem, mais até do que da viagem mesmo. Procurar os lugares recomendados, os não recomendados e aqueles que pouca gente vai mas ninguém deveria perder. Por isso adoro procurar listas de ” 10 melhores lugares”, “10 locais inesquecíveis”, “os 5 lugares que você não pode morrer sem conhecer” e coisas desse tipo.
Dia desses resolvi, não sei por que, procurar na internet se tinha uma lista dos lugares mais perigosos do mundo. Tinham muitas e, claro, discordando entre si. Cada uma tem um critério para escolher quem entra: em algumas o perigo é a violência humana, em outras a da natureza mesmo. Das ilhas Izu no Japão, onde não se pode respirar sem máscara por conta de gazes venenosos, até a ilha da Queimada Grande no Brasil com cinco jararacas por metro quadrado, existe uma imensa variedade de lugares com seus perigos.
Mas nenhuma dessas listas trazia o lugar que eu considero o mais perigoso de todos. Esse lugar é perigoso até para quem gosta de turismo radical. É mais perigoso que o Lago Kivu no Quênia, onde toneladas de gás carbônico podem te sufocar, ou que Verkhoyansh, o Polo Gelado na Sibéria onde a temperatura chega a – 51 C. Nenhum deserto na terra é tão infértil quanto esse lugar. Nenhum lugar é tão perigoso para um ser humano como a Zona de Conforto.
A Zona de Conforto é um lugar traiçoeiro. Ela oferece uma segurança reconfortante. Nela você não sente medo, não se expõe a perigos. É o lugar de tensão zero. Por isso você é seduzido por esse lugar e fica ali, parado. Sem perceber, e quando menos espera, está se sentindo muito satisfeito de estar lá. É nessa hora que o perigo se mostra: você está preso na Zona de Conforto e não quer mudar mais nada na sua vida.
Um dos maiores mistérios que as ciências do comportamento tentam resolver é como motivar as pessoas. Como fazer as pessoas aderirem a mudanças significativas, modificarem hábitos negativos, se engajarem em movimentos ou adotarem outro ponto de vista sobre algo? Sabemos que as pessoas tendem a se mover com mais facilidade para buscar a satisfação de seus desejos. Vamos em busca de nossos sonhos, de nossas vontades, com mais força do que quando precisamos ir em direção a algo que não queremos tanto. Podemos dizer que nosso sonho está localizado em um lugar chamado Zona da Felicidade. Eu tenho que entrar nesse lugar para realizar meus sonhos.
Mas existem algumas situações em que ir em direção aos sonhos exige uma mudança muito intensa e a tomada de riscos. E essas tendem a ser as mudanças mais transformadoras das nossas vidas. Nesse momento surge uma outra força muito importante que é o medo. Para chegar na Zona da Felicidade eu preciso fazer mudanças, preciso sair da Zona de Conforto e atravessar um caminho arriscado. O medo desse risco é muito desconfortante. Esse desconforto exige um alívio que é conseguido quando eu desisto e volto para a Zona de Conforto. O medo funciona como uma força contrária ao nosso desejo de felicidade. Ele nos mantém dentro da nossa Zona de Conforto onde tudo parece ser mais seguro mas afastado da Zona da Felicidade.
Eu sei que pode gerar muita tensão tentar sair desse lugar tão seguro. Mas a menos que queiramos ficar a vida toda parados sem realizar nossos sonhos mais caros e preciosos temos que romper essa barreira. Existe uma solução para isso que é transitar por uma terceira região que fica em volta da Zona de Conforto e toca a Zona da Felicidade. Essa região é um lugar aonde você arrisca um pouco mas não ameaça a sua integridade psicológica. Você aceita viver nesse lugar um pouco de perigo, um pouco de incerteza, o suficiente para que você chegue perto daquilo que te fará feliz. Chamo essa região de Zona de Segurança. nela fazemos o compromisso de arriscar um pouquinho mais. Como se fosse um acordo com a vida: Eu vou arriscar um pouco da minha segurança, aceitar a incerteza da mudança, mas em troca quero um pouco de felicidade.
Tem medo de entrar em um relacionamento? Se não arriscar não vai saber o que é ter um relacionamento feliz. Basta ir com cuidado. Tem medo de buscar um emprego melhor? Se não arriscar não tem como saber. Basta fazer uma mudança profissional gradual. Nada de jogar tudo para o alto. Não é possível pular a longa distancia entre a Zona de Conforto e a da Felicidade? Então por que você não vai construindo uma ponte entre as duas aos poucos?
A felicidade não é o mesmo que segurança, que ausência de tensão. Movimentos importantes da vida exigem alguma ousadia. Exigem sair do lugar. Nesse caso o lugar mais seguro e confortável é o mais perigoso por que nele não atingimos o auge do nosso potencial como seres humanos. Comece a construir a ponte que te levará nessa viagem até a sua felicidade. Não tenha medo. A vida é uma aposta. Você corre o risco de ficar mais feliz.
Se precisar de ajuda nesse caminho, conte com nosso time de psiquiatras e psicólogos da Clínica Pleni, em Uberlândia.