Se você é mãe ou pai de um adolescente pode estar sabendo da nova temporada de uma dessas séries que faz sucesso entre os jovens e fala sobre suicídio. Não há como negar que o tema é para lá de delicado e talvez você não esteja disposto a gastar o pouco tempo de descanso que te resta entre uma tarefa e outra para vê-la, mas precisamos conversar sobre 13 Reasons Why (Os 13 Porquês, em português).
Os assuntos abordados, como já dissemos, são delicados, mas precisam ser abordados, principalmente com jovens. Você sabia que os números de casos de depressão entre eles, teve um salto de quase 40%, nos Estados Unidos, nos últimos 5 anos? No Brasil, falta pesquisa, mas é unanime a visão médica de que essa realidade também se aplica aos brasileiros e, pior, boa parte dos casos não são diagnosticados ou tratados em função do estigma que a doença carrega.
E se esse dado não for o suficiente para o alarme de alerta soar na sua mente, existe outro ainda mais assustador: segundo um relatório da Organização Mundial da Saúde, entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de morte em 2015.
Mas o suicídio não é o único tema delicado abordado na série, abuso sexual, violência e tiroteio em escola, bullying e abuso de substâncias também protagonizam algumas das cenas mais impactantes das duas temporadas.
Antes do lançamento da 2ª temporada, a SAVE, instituição americana de conscientização e educação sobre o suicídio, reuniu 75 especialistas em saúde mental, prevenção de suicídio e educação, bem como profissionais de saúde para desenvolver um kit de ferramentas que fornece orientação prática e recursos confiáveis para pais, educadores, médicos, jovens e mídia relacionados ao conteúdo da série. As principais dicas e posicionamentos que eles deixam para os pais são:
1. Desencorajamos jovens vulneráveis e em risco (por exemplo, aqueles que vivem com depressão ou um transtorno de ansiedade) a assistir a 2ª temporada por causa do impacto desencadeador que poderia ter sobre eles. O conteúdo pode ser bastante perturbador e resultar na necessidade de cuidados adicionais, monitoramento, suporte e / ou tratamento.
2. Se você assistir a série, faça um esforço para assistir a segunda temporada com seu filho. Sabemos que isso nem sempre é possível, mas isso proporciona a oportunidade de monitorar o impacto de cada episódio e avaliar se algum dos temas da série é muito complicado no momento. Além disso, pode ser uma boa oportunidade para refletir e discutir o conteúdo da série entre vocês.
3. Se você não puder assistir a 2ª Temporada com seu filho, pergunte se ele viu ou não. Se tiverem, tenha curiosidade sobre suas impressões e esteja aberto para conversar com eles sobre seus pensamentos e sentimentos. Essa atitude pode ser determinante para a confiança na relação de vocês e assim eles saberão que podem vir até você com dúvidas ou preocupações sobre si mesmos ou sobre seus amigos, e que você estará lá para ouvir e ajudar a orientá-los.
4. Se seu filho e os amigos assistiram e você sabe que podem estar vulneráveis a algum dos enredos, monitore! Caso ainda não tenham, sugira que eles não assistam à série até uma data posterior. Certifique-se de fazer o checar a situação de seus filhos mais de uma vez durante algumas semanas após a exposição ao conteúdo, às vezes leva alguns dias até que as emoções realmente os afetem.
5. Garanta aos jovens que a ficção e a realidade não são a mesma coisa. Ajude-os a entender que o que eles vêem e ouvem na televisão não é sua vida, mas uma história elaborada por escritores com o objetivo de envolver um público. Mesmo que eles acreditem que o que viram parece ser a realidade deles, é fundamental que você os ajude a entender que os resultados da série não precisam ser seus resultados.
6. Identifique uma rede de apoio e saiba onde buscar recursos e ajuda em sua comunidade local, se necessário. Seja uma agência de saúde pública, um profissional de saúde mental, os conselheiros da escola do seu filho ou um serviço telefônico de crise, conhecer e entrar em contato com quem pode oferecer apoio é uma boa estratégia de prevenção.
Abordar todos esses assuntos, que são um tanto quanto polêmicos, em uma fase em que os filhos costumam se isolar e rebelarem-se contra a figura de autoridade que os pais representam pode ser muito complicado, mas é importante que eles sintam segurança no seu amor e cuidado.
Apesar disso, nem sempre o apoio que você tem para oferecer será o suficiente, e isso não te torna um pai ou mãe ruim, nem significa que você fracassou na educação e cuidado com seus filhos, significa apenas que você não tem a especialização necessária para tratar e solucionar todos os problemas que ele pode estar enfrentando.
Mas nós estamos aqui para isso, não tenha medo de recorrer à ajuda médica. Até porquê, caso o jovem esteja com depressão, o diagnóstico precisa ser feito por um especialista em adolescência, já que nem toda medicação é indicada para essa fase, quando cérebro, rins e fígado estão em formação.
Alerta: se você está preocupado que eles possam estar em risco iminente, não os deixe sozinhos e chame uma linha de emergência de crise local.
Que tal conferir o texto que escrevemos para eles, jovens, e onde explicamos e damos dicas de como reconhecer cada tipo de violência e transtornos mentais? É só clicar aqui e conferir!