Esquecimentos cada vez mais frequentes, perdendo coisas, dificuldade para fazer tarefas… Procura-se o médico e uma avaliação é feita, exames e vários testes. A conclusão: Doença de Alzheimer. Inicia-se o tratamento. Várias perguntas vão surgindo. Uma delas é “Posso continuar dirigindo?”
Com o aumento da idade média da população cada vez mais vemos idosos muito ativos, às vezes trabalhando mesmo após a aposentadoria e dirigindo. Quando o diagnóstico de um transtorno cognitivo como do Alzheimer é feito a família e o próprio paciente questionam o quanto é possível manter a rotina normal. E quando se fala em direção veicular a preocupação é grande devido a complexidade do transito e a responsabilidade de guiar um veículo podendo se envolver em acidentes. Por isso o médico e a família devem mesmo se preocupar com a determinação da capacidade do paciente de continuar dirigindo.
O primeiro ponto importante é que o diagnóstico do Alzheimer sozinho não é o determinante da suspensão automática do direito de dirigir. Mesmo após o inicio dos sintomas os pacientes podem continuar dirigindo desde que sejam avaliados periodicamente para determinar suas habilidades. Em geral aqueles com Alzheimer leve ainda podem continuar no transito. O médico deve avaliar as capacidades mentais, cognitivas e neurológicas do paciente através de testes objetivos. Além disso os familiares são consultados para verificar o quanto os sintomas interferem nas habilidades gerais do paciente e como ele se comporta no transito. Pode ser necessário até avaliar o desempenho do idoso ao dirigir um carro.
Paciente que apresentam alterações para caminhar ou no equilíbrio, alterações visuais ou alucinações visuais, apáticos e com piora nos testes cognitivos não devem dirigir. O risco é maior entre aqueles pacientes que não conseguem perceber que apresentam alterações de memória apesar de estas estarem evidentes para os familiares, o que chamamos de anosognosia.
Os familiares podem observar algumas alterações que podem alertar para a perda da capacidade plena de dirigir, o que ajudará o médico a fazer o diagnóstico mais acurado. Três são os sinais de que a pessoa já tem comprometimento:
1 – Não conseguir manter o carro em linha reta
2 – Dirigir em velocidade muito baixa para a via
3 – Dificuldade para fazer conversões à esquerda
Assim que essas alterações começam a acontecer o médico e familiares devem ficar alertas. Mas é importante que isso não seja algo abrupto. Desde o estabelecimento do diagnóstico essa discussão deve começar a ser feita junto ao paciente. Pesquisas indicam que a suspensão da direção pode levar a mais sintomas depressivos e piora cognitiva mais acentuada pela perda da independência. Isso é evitado preparando o paciente para esse momento desde o começo. Como em tudo na vida uma conversa franca e informação ajudam muito!