Que mãe não sente desespero quando o filho começa a não querer comer? Não come isso, não come aquilo… Principalmente entre os 2 e 5 anos de idade, época difícil não só por isso mas também pelas birras imensas. Algumas crianças nessa idade apresentam um padrão muito seletivo de alimentação, com importante redução do apetite e aversão a determinados gostos e cheiros de alimentos.
Até o momento isso tem sido tratado por pediatras e psiquiatras como algo normal do desenvolvimento pela sua frequência por que 20% das crianças podem apresentar esses padrões seletivos de alimentação. Agora isso pode mudar. Uma pesquisa recente, realizada nos Estado Unidos e publicada na revista médica Pediatrics, mostrou que esse padrão alimentar pode estar associado a prejuízo psicológico e social.
A pesquisadora Nancy Zucker avaliou mais de 900 crianças em idade pré-escolar. Em torno de 17% apresentavam um grau moderado de seletividade alimentar enquanto em 3% o quadro era mais grave. As crianças com quadros mais graves tiveram um risco muito maior de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Observaram também uma associação importante entre os quadros mais graves e o diagnóstico de ansiedade nas mães.
Tanto os quadros moderados quanto severos estiveram mais associados a conflitos familiares ligados a alimentação. Nos quadros severos problemas comportamentais fora de casa eram 2 vezes mais frequentes.
Se até o momento a conduta orientada por profissionais de saúde era esperar, já que com o tempo essas alterações poderiam desaparecer, hoje a autora sugere que a melhor conduta seria outra. A grande associação desses quadros com transtornos mentais deveria servir de alerta para intervenção precoce em crianças de risco para minimizar os prejuízos psicossociais.
Esse é mais um exemplo de como entender melhor como os comportamentos acontecem e suas consequências pode mudar as condutas e melhorar a vidas das pessoas.