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Por que os antidepressivos demoram para fazer efeito?

13 de maio de 2019
Por leticia.medeiros

Por que os antidepressivos demoram para fazer efeito?

Pode até ser clichê falar que a depressão tem sido considerada o “mal do século XXI” por especialistas, mas infelizmente, isso se torna cada dia mais verdade. A Organização Mundial da Saúde afirma que mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão no mundo inteiro, e a grande preocupação é que nos casos clínicos mais graves, a doença pode levar ao suicídio.

É um alívio poder dizer que hoje em dia as pessoas tem se mostrado mais abertas aos tratamentos psicológicos. Felizmente, a busca por ajuda para a manutenção da saúde mental tem sido vista com “melhores olhos” pela maioria da população. O número de pessoas que recebem o tratamento adequado ainda não é o esperado, mas tem melhorado a cada ano.

Para os casos que necessitam do uso de medicamentos, um dos tratamentos mais comuns é o uso de fármacos da classe dos “Inibidores Seletivos Da Recaptação Da Serotonina” (ISRS), calma, parece grego, mas não é! Explico: pacientes com quadros depressivos normalmente têm uma quantidade reduzida de serotonina disponível no corpo, aquele neurotransmissor, ou hormônio, que é conhecido por nos trazer a sensação de bem-estar. Essa classe de medicamentos impede que a serotonina seja recaptada pelos neurônios, aumentando então sua disponibilidade e concentração fora das células. Dois exemplos muito comuns são o Prozac e Zoloft.

Tudo seria perfeito se essas drogas funcionassem imediatamente, porém, não é isso o que acontece. Esses antidepressivos demoram em torno de 4 a 6 semanas para funcionar como deveriam, ou seja: aliviar os sintomas da depressão, e, aumentando a quantidade de serotonina disponível, trazer uma sensação de bem-estar. Neste espaço de tempo, no entanto, eles costumam gerar um efeito colateral indesejável: a ansiedade e o medo pioram significativamente, o que faz muitos usuários desistirem do tratamento, os sintomas e a frustração só pioram o quadro.

Cientistas da Escola de Medicina da Universidade da Carolina do Norte (UNC) estudaram como a serotonina e os medicamentos da classe ISRS se comportam no Sistema Nervoso, mapeando essas interações. Acontece que, diferentemente da crença popular, alguns estudos afirmam que a serotonina pode não estar ligada exclusivamente com sentimentos de bem-estar. Na maioria das vezes, este neurotransmissor está ligado a ativação de circuitos cerebrais relacionados ao prazer, porém foi comprovado que ele também pode ativar certos circuitos que promovem variações negativas no humor.

O estudo da UNC mostrou que estímulos que trazem medo e ansiedade, sintomas clássicos da síndrome depressiva, ativam os neurônios produtores de serotonina numa região específica do tronco cerebral denominada Núcleo Dorsal da Rafe (NDR), que é conhecida por estar envolvida no humor e depressão. Estes neurônios se projetam para outra região, chamada Núcleo Leito da Estria Terminal (NLET), que ativa o papel negativo da serotonina no humor. Quando o aumento de serotonina ativa os neurônios do NDR e, por consequência, o NLET, estes últimos diminuem a atividade dos neurônios que se projetam para a Área Tegumentar Ventral (ATV) e Hipotálamo Lateral (HL), responsáveis por proporcionar o prazer e a motivação, aumentando, consequentemente, os sentimentos negativos.

É por isso então que, no início do tratamento, os pacientes com depressão não sentem nenhuma melhora e, em alguns casos, a ansiedade e o medo tendem a aumentar. Com o uso contínuo do medicamento, esses sintomas negativos são controlados porque o organismo usa outros circuitos para ativar a ATV e o HL, gerando a sensação de bem-estar. Este mesmo estudo encontrou algumas substâncias que conseguiram bloquear o efeito ruim da serotonina pelo uso dos antidepressivos, mas ainda há muito o que se estudar sobre o assunto. Entretanto, a descoberta desses circuitos abre novas possibilidades para a produção de medicamentos que bloqueiam ou não trazem este efeito colateral.

É claro que a aprovação de novos medicamentos no mercado não é tão simples assim, demandam muitos anos de pesquisa e testes. Os pacientes que fazem uso dessa medicação devem estar sujeitos à esses efeitos colaterais por mais um tempo. Nestes casos, o acompanhamento com o médico deve ser bem de perto, e qualquer alteração fora do normal deve ser relatada.

A depressão é um problema sério e jamais deve ser negligenciada! Cuide da sua saúde mental, procure um especialista e conte com a gente para esclarecer qualquer dúvida!
–
Fontes:
Science Daily, “How do antidepressants trigger fear and anxiety?”

Organização Mundial da Saúde

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leticia.medeiros

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admin 24 de maio de 2019 19:24

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