O setembro amarelo serve para a conscientização sobre doenças mentais e prevenção do suicídio. Falar sobre esses temas com certeza é relevante, afinal, desmistifica esses assuntos e os tornam mais acessíveis. Mas ao que tudo indica, ainda temos muito o que falar sobre a depressão.
Ela afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – dados de 2015 -, algo que corresponde a 4,4% da população mundial. Em termos estatísticos pode parecer pouco, mas de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%, e a tendência (nada animadora) é que continue crescendo.
No Brasil os dados são ainda mais alarmantes, a doença atinge quase 6% da população, um número que gira em torno de 11,5 milhões de pessoas convivendo com a depressão. Dado este que classifica o Brasil como o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas.
Apesar de números tão expressivos, dados de uma pesquisa norte americana mostram que apenas um terço dos pacientes diagnosticados com depressão inicia o tratamento. Além disso, etnia e idade são fatores negativamente relevantes quando o assunto é cuidado. Eles perceberam que as chances de asiáticos, negros não hispânicos e hispânicos de iniciar o tratamento eram pelo menos 30% menores do que os brancos não-hispânicos. Enquanto isso, pacientes com 60 anos ou mais tinham metade da probabilidade de iniciar o tratamento do que pacientes com menos de 44 anos.
Mas as consequências da depressão vão além dos prejuízos físicos e mentais, ela pode causar até mesmo reações neurológicas, associadas ao envelhecimento precoce do cérebro. Por isso mesmo devemos nos propor a identificar os sinais da depressão nos cuidados primários, além de promover debates que desmitifiquem o tratamento, para assim garantir que esses números possam ser revertidos, ou, no mínimo, controlados.
E por falar em tratamento e esperanças, nem tudo está perdido! As redes sociais podem ter um papel importante nesse processo. Uma pesquisa australiana identificou que interações positivas, apoio social e conexão social nas redes sociais foram consistentemente relacionadas a níveis mais baixos de depressão e ansiedade, além de melhorar a autoestima e a satisfação com a vida. Mas ao mesmo tempo, sua segunda face revela poder destrutivo quando as interações são negativas e ocorrem comparações e violência nas redes sociais, aumentando os riscos das mesmas doenças.
Esses são apenas mais motivos para usarmos a rede para o bem, seja através da informação de qualidade e conscientização sobre o papel de profissionais que cuidam da saúde mental, seja para promover o acolhimento e promover o contato para que essas pessoas não se sintam tão sozinhas.
Fontes: Depressão cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina
Kaiser Permanente. “Only one-third of patients diagnosed with depression start treatment: Likelihood of beginning treatment is especially low among ethnic and racial minorities and the elderly.” ScienceDaily. ScienceDaily, 8 February 2018.
Seabrook, et al. Social Networking Sites, Depression, and Anxiety: A Systematic Review. JMIR Ment Health. 2016 Oct-Dec;